quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cirurgias plasticas precoce

A febre da plástica teen

Meninas de 13 anos já estão na mesa de cirurgia plástica. Até os 15, a febre é a lipoaspiração. Aos 16, elas turbinam os seios. Em nome da beleza, as adolescentes entram na faca sem medo dos riscos e nem se queixam da dor, do inchaço e dos hematomas
 
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“Se ainda vivesse no Uruguai, não sentiria o desejo de mudar. Nem meus pais aprovariam. Lá, quem põe silicone é atriz fútil ou gente de muito dinheiro”
EIMMY, 17 ANOS E PRÓTESE DE 275 ML NOS SEIOS

 Por que adolescentes se submetem à plástica?
A resposta costuma  ser uma só: “auto-estima baixa”. Nenhuma de nossas entrevistadas se arrependeu do que fez. Explicação unânime: sentem-se muito mais seguras e felizes hoje.mA declaração emblemática veio da paulistana Evelise Teixeira, 16 anos, que escolheu o peito novo folheando revistas e fixando o olhar no colo de Deborah Secco, inflado por 235 mililitros de silicone. Evelise, já com a réplica do que a atriz ostenta, resume o espírito da época:”É assim – ou você tem beleza, tem peitão ou não é ninguém”. Franca, enumera:”Nas novelas, toda garota tem, no cinema idem, no colégio há várias… até a secretária do meu pai está com os seios da moda”.
O redesenho do corpo se tornou uma  necessidade teen – até os garotos resolveram aderir. E, para atender à explosão da demanda, as clínicas estão a todo vapor. No Brasil, cerca de 650 mil intervenções foram realizadas em 2005, 15% em jovens de 14 a 18 anos (nos Estados Unidos, não passa de 7%). 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Infâncias X Sociedade de consumo

Ensaio de lingerie infantil retoma polêmica de crianças na moda

Em janeiro deste ano, uma edição polêmica da “Vogue” Paris publicou um ensaio com modelos infantis em poses e roupas de adultas. As meninas não passavam dos seis anos e usavam salto alto, batom forte e roupas de grife. “Em vez de meninas brincando de se vestir no closet da mãe, essas fotos mostram crianças crescendo rápido demais”, disse um colunista especializado à época. A controvérsia das crianças retratadas como adultas em ensaios de moda ressurgiu nesta semana em função de uma campanha de lingerie infantil que traz meninas posando de calcinha e sutiã.

A grife Jours Après Lunes, também francesa – como a “Vogue” de que falamos – e responsável pelas fotos, é especializada em “loungerie” (uma espécie de lingerie para usar em casa) para crianças de 4 a 12 anos – e disponibiliza modelos adultos também, para mães e filhas ficarem combinando. O que causou reboliço no mundo da moda não foi o fato de a marca produzir lingerie para uma idade que não deve atentar para isso ainda, mas sim as fotos da campanha, taxadas como absurdas. Nelas, as meninas posam seminuas com uma sensualidade imprópria para a faixa etária de que fazem parte.
Agradecimento a Andressa Proença pelo envio da matéria.

domingo, 22 de abril de 2012

Modismos

Pensando sobre o corpo e suas mutações...


Britânica Venus Angelic, 15 anos, virou hit na internet com vídeos ensinando a fazer maquiagem em estilo anime

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Mentiras sobre sexo

Para brincar um pouquinho...
Acesse o link abaixo e confira 
(agradecimento as academicas Tuani e Michele) 

terça-feira, 17 de abril de 2012

Como combater o machismo na escola

Meninos jogando bola, meninas empurrando carrinhos de boneca. Como a escola pode reproduzir os estereótipos que podem prejudicar as mulheres no futuro.
Foto: O machismo é um desafio que toda a sociedade precisa encarar

O machismo é um desafio que toda a sociedade precisa encarar
São cenas tão banais que parecem não ter nada de errado. Na hora do recreio, a professora conduz os meninos para a quadra de esportes, onde disputam uma partida de futebol. As meninas, em outro ambiente, fazem maquiagem, brincam de mamãe e filhinha.
Na escola, crianças aprendem a reproduzir comportamentos de uma sociedade sexista. Assimilam que garotas são mais hábeis para as atividades domésticas e meninos devem partir para a briga. No futuro, caso a distorção não seja corrigida, as mulheres continuarão a atuar em um mercado de trabalho desigual, subordinadas aos homens e ganhando menos.

O machismo em números
Pais, educadores e alunos aceitam tudo com normalidade, como indica uma pesquisa extensa encomendada pelo Ministério da Educação (MEC) e divulgada em 2010. Ela aponta que, na escola, o preconceito de gênero manifesta-se com mais força do que todos os outros, inclusive de cor e orientação sexual.
O estudo, produzido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe-USP), revelou que cerca de 20% dos alunos passaram por situações ou presenciaram cenas em que alguma menina foi humilhada pelo simples fato de ser menina.
No ensino médio, quase metade dos 15 mil alunos ouvidos pelos pesquisadores afirmou que certos trabalhos só podem ser realizados por homens. Para 52,6% dos entrevistados (além dos estudantes, pais, professores e funcionários), lavar a louça e cuidar das crianças são tarefas que cabem somente à mulher. Com base no resultado da pesquisa, o MEC ampliou os cursos sobre gênero e orientação sexual oferecidos regularmente aos professores da rede pública.
 Obrigada Raquel Santario pelo envio da Mensagem.

De que forma estamos lendo as propagandas?

De que forma estamos lendo as propagandas? Como as imagens nos tocam? O que elas querem dizer? Em que consiste a provocação?
Para pensar sobre a Erotização dos corpos infantis buscamos as imagens das propogandas de sandálias de plástico realizada no Brasil veiculadas pelas revistas - Caras, Cláudia, Capricho nos meses de novembro e dezembro de 2002, para o verão de 2003.

As propagandas foram protagonizadas por meninas (pré-adolescentes), porém os seus rostos foram propositadamente substituídos por rostos de bonecas. Acreditamos que essa estratégia utilizada pela agência de propaganda, muito além de caracterizar simplesmente as mudanças corporais e comportamentais da menina ao entrar na puberdade, estabelecendo assim um misto de ingenuidade e sedução, tenha sido também uma forma de se preservar de possíveis acusações, na medida em que tais propagandas, de certa forma, podem estimular práticas de pedofilia. (FELIPE, GUIZZO, 2003, p. 125 - Pro-Posiçães, v. 14, n. 3 (42) - set./dez. 2003)
Ver mais sobre esta reflexão no texto: EROTIZAÇÃO DOS CORPOS INFANTIS E A SOCIEDADE DE CONSUMO.

Agradecimento a academica Ana Carolina pelo envio das imagens.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Um exemplo?

Em pré-escola sueca não existe mais distinção entre meninos e meninas


 
Crianças brincam no jardim do “Egalia”, pré-escola sueca que combate 
“os estereótipos de gênero”  

Na pré-escola estadual “Egalia”, evita-se o uso de palavras como “ele” ou “ela”. Todos os seus 33 alunos se chamam apenas de “amigos”, não há divisão entre meninas e meninos, nem mesmo no banheiro. O programa educacional foi cuidadosamente desenvolvido para certificar-se que as crianças não se enquadram em “estereótipos de gênero”.
Ou seja, não há laços cor-de-rosa ou carrinhos de brinquedo, nada que possa permitir essa distinção na escolar que abriu suas portas ano passado, no distrito liberal de Sodermalm, na capital Estocolmo. Esses alunos entre 1 e 6 anos são um dos exemplos mais radicais dos esforços da Suécia para assegurar igualdade entre os sexos desde a infância.
“A sociedade espera que as meninas sejam sempre agradáveis e bonita e os meninos viris e desinibidos”, diz Jenny Johnsson, 31 anos, um dos professores. “A Egalia lhes dá uma fantástica oportunidade de ser quem eles querem ser.”
Essa neutralidade em relação ao gênero é parte essencial do novo currículo nacional para as pré-escolas, baseada na teoria de que mesmo em um país de mentalidade altamente igualitário, a sociedade dá uma vantagem injusta aos  meninos.
Alguns pais agora temem que as coisas foram longe demais. Essa obsessão com a eliminação do gênero, dizem eles, pode deixar as crianças confusas e despreparadas para enfrentar o mundo fora do jardim de infância.
No Egalia – termo sueco para “igualdade” – meninos e meninas ficam juntos em uma cozinha de brinquedo, usando utensílios de plástico e fingindo cozinhar. Peças de lego e outros blocos de construção são intencionalmente postos ao lado da cozinha, para fazer com que as crianças não estabeleçam qualquer barreiras mentais entre cozinhar e trabalhar na construção.
A diretora Lotta Rajalin enfatiza que a Egalia dá uma ênfase especial na promoção de um ambiente tolerante a gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. De uma estante de livros, ela puxa um livro sobre duas girafas macho que estão tristes por não ter filhos – até que se deparar com um ovo de crocodilo abandonado. Quase todos os livros infantis falam sobre casais homossexuais, mães solteiras e crianças adotadas. Não há “Branca de Neve”, “Cinderela” e outros contos de fadas que fazem a divisão clássica de “mocinho e mocinha”. Mas a escola não nega as diferenças biológicas entre meninos e meninas, por exemplo, as bonecas com que as crianças brincam são anatomicamente corretas.
Os métodos do Egalia são controversos, alguns dizem que se deseja fazer uma lavagem cerebral nos alunos. Mas há uma longa lista de espera para admissão e apenas um casal tirou o um filho da escola até hoje.
“Papéis atribuídos a gêneros diferentes não são problema quando todos são igualmente valorizados”, diz Tanja Bergkvist, um blogueiro de 37 anos , que se tornou uma voz de liderança contra o que ela chama de “loucura de gênero” na Suécia.
De fato, a Suécia tem promovido os direitos das mulheres há décadas, e mais recentemente foi dos pioneiros na Europa a permitir que casais gays e lésbicas legalizassem suas parcerias e adotassem crianças.
Estudos de gênero permeiam a vida acadêmica do país. Bergkvist observou em seu blog que o estado já havia concedido 80.000 dólares para uma bolsa de pós-doutorado que tem como objetivo analisar “a trombeta como um símbolo do gênero.”
Jay Belsky, um psicólogo infantil da Universidade da Califórnia, em Davis, disse não conhecer outra escola como Egalia, e questiona se esse é o caminho certo a seguir. “As coisas que os meninos gostam de fazer – correr e transformar pedaços de pau em espadas – em breve serão reprovados… Assim, a neutralidade de gênero acabará por castrar toda a masculinidade.”
A diretora Rajalin discorda, para ela o mais importante é que as crianças compreendam que suas diferenças biológicas “não significa que meninos e meninas tenham interesses e habilidades diferentes. Trata-se de democracia. é uma luta pela igualdade humana”. 

Agradecimento a Raquel Santário, leitora e parceira do blog que gentilmente nos encaminhou a matéria. 

sábado, 7 de abril de 2012

ENTREVISTA COM CLAUDIA RIBEIRO

"Não existe política de capacitação do professor para ele entender que sexualidade é diferente de sexo"
Claudia RibeiroO professor deve compreender o desenvolvimento infantil para saber as possibilidades de compreensão das crianças e conhecer as metodologias de trabalho com educação sexual. Mas raros são os cursos de
Pedagogia que têm debatido esses temas.


Você já deve ter visto esta cena antes: uma criança pergunta à mãe como seu irmãozinho foi parar na barriga dela. A mãe finge não ouvir e desconversa. Ou que tal esta: um garoto desliza a mão para dentro do calção. O reflexo da monitora da creche é repreendê-lo por "isso". Também leva bronca quem cometer a traquinice de afagar o(a) coleguinha ou, mais inocente ainda, fizer cócegas nele(a).

Tudo isso porque um belo dia, quando a criança tem entre dois e seis anos, a sexualidade infantil - que parecia adormecida - acorda, toma sua vitamina e não pára de aprontar uma impertinência atrás da outra. Uma curiosidade insaciável sobre a diferença entre os corpinhos ou o nascimento dos bebês toma conta das crianças.

E agora: deve-se explicar tudo tintim por tintim ou é melhor adiar essa conversa, contando aquela da cegonha? Para buscar ajuda especializada, muitos pais recorrem às livrarias. Na hora de ampliar o acervo dos pimpolhos, Como Nascem os Bebês? ou De onde Viemos? vêm logo atrás dos contos da carochinha na lista dos livros mais procurados.

E os professores, como reagem a essas inquietações? Que material usam para tratar tema tão delicado? Foi isso que a professora Cláudia Ribeiro resolveu investigar. O resultado é o livro Sexualidade(s) e Infância(s) - A Sexualidade como um Tema Transversal.

Escrita a quatro mãos com Ana Maria Faccioli de Camargo, essa obra é uma coletânea de experiências pedagógicas. Em doze relatos, educadores - de Guaxupé (MG) a São Paulo (SP) -, contam como superaram o que para muitos é uma saia justa.

Em um deles, a professora Neiva Coelho Paim, de Porto Alegre, resume o espírito dessa experiência: "Antes de estruturarmos as mais complexas respostas e criarmos as mais profundas ansiedades, é necessário saber o que elas [as crianças] pensam sobre o assunto, como representam suas idéias e o que realmente gostariam de saber sobre sua própria sexualidade."

Em Sexualidade(s) e Infância(s), em vez de "dar aula" sobre educação sexual, os professores criam um ambiente para debates com muita música, desenhos, filmes, literatura e teatro. Descontraídas, as crianças se envolvem, se expressam e tiram suas dúvidas.

Com a mesma serenidade com que os professores trataram esse tema tão controvertido, Cláudia Ribeiro concedeu a entrevista a seguir.

Há uma forte resistência dos professores em tocar nesse assunto em sala de aula. Um dos motivos seria o temor de que ele sirva de estímulo a um envolvimento sexual precoce?

Cláudia Ribeiro - Isso é uma distorção, porque nós temos trabalhos pelo Brasil afora com crianças e adolescentes e é justamente o contrário que acontece: elas se tornam mais conscientes. Falta uma discussão maior sobre esse tema nos cursos de formação de educadores. Mas é um tema polêmico mesmo, que está aí desafiando os professores, e as escolas têm de inserir essa discussão dentro do seu projeto pedagógico e se perguntar como e por que introduzir a educação sexual, se estão incitando, se estão facilitando.

E qual é a opinião dos pais a esse respeito?

Cláudia Ribeiro - Eu estou desenvolvendo um trabalho em uma escola municipal de Porto Feliz (SP). O enfoque é pensar na singularidade daquele contexto, da cidade em que eu estou inserida. É um projeto que foi aprovado pela Faep (Faculdade de Educação da Unicamp), em que cada educador, cada grupo de trabalho, cada grupo de pesquisa da Unicamp está trabalhando um tema: um está trabalhando educação sexual, outro educação ambiental, língua portuguesa, etc. Nessa pesquisa, a gente esbarra no que se vê por aí afora, a dificuldade de inserir os temas, não por causa das crianças, que elas têm uma curiosidade incrível. O que a gente tem visto é que o medo das professoras é infundado. Na minha prática, eu nunca tive dificuldade com as famílias por estar discutindo o tema. Nós chamamos os pais para as reuniões, explicamos o tipo de trabalho e eles gostam imensamente.

A quem teme que a educação sexual incentive um envolvimento sexual precoce, a senhora apresenta o argumento de que não se deve fugir à abordagem desse tema, já que as crianças têm o interesse despertado por esse assunto desde cedo.

Cláudia Ribeiro - É, a criança é um ser sexuado desde o nascimento e nós já sabemos disso, por causa dos estudos de Freud, desde o início do século. Só que ainda carregamos essa tradição repressora da sexualidade que encara sexo como pecado. Aí, os educadores muitas vezes não têm essa discussão alargada sobre sexualidade, não pensam que a criança se interessa pelo tema desde a mais tenra idade. Elas têm paixão por saber de onde vieram, como chegaram à barriga da mãe. Meu estudo de mestrado inclusive se chama a Fala da Criança sobre Sexualidade Humana - o Dito, o Explícito e o Oculto (Ed. Mercado de Letras).

E como são as idéias infantis sobre a sexualidade?

Cláudia Ribeiro - Elas são diferentes das idéias que os adultos têm. Elas têm a ver com a maneira específica, especial, de a criança enxergar o mundo. Ela faz determinadas perguntas, e se a resposta lhe for negada, isso vai interferir na sua curiosidade, no ímpeto que ela tem de saber

Essa curiosidade é motivo de embaraço para adultos. Um dos relatos conta o caso do educador que não explica, quando lhe perguntam, para que serve o Tampax. Como o fato de não responder às perguntas afeta a percepção da criança sobre a sexualidade?

Cláudia Ribeiro - Eu não diria que isso é culpa dos pais ou dos educadores. Nós também fomos criados achando que sexualidade é um tema proibido. Agora, se nós passarmos isso para as crianças, elas também vão encarar o assunto dentro do silêncio, no espaço do não-dito, do oculto. As crianças têm o direito à intimidade, a manifestar sua sexualidade. Os jogos sexuais são importantíssimos para as crianças conhecerem seu próprio corpo, mas elas também têm direito à informação. Então o adulto precisa ter um bom senso enorme, respeitar a intimidade sem deixar de satisfazer a curiosidade. E, quando a gente penetra no jogo da criança, entra nesse movimento de responder às suas questões com naturalidade, o diálogo que se estabelece é muito bonito.

A senhora propõe esse diálogo aberto para favorecer a singularidade da criança e se contrapor ao discurso padronizado da mídia?

Cláudia Ribeiro - Esses temas expostos na mídia e proibidos na escola ou na família, a criança continua a aprender em silêncio, encarando a sexualidade como algo "feio". Mas a sexualidade é uma energia muito forte, muito mobilizadora. É uma dimensão expressiva do ser humano da relação com ele mesmo e com o outro, o desejo, o prazer, a responsabilidade. Isso muitas vezes é roubado das crianças e adolescentes que continuam vendo o que aparece na TV e nas revistas: preconceitos e padrões machistas e desrespeito à individualidade.

Esse diálogo aberto pode representar uma grande exposição para certos alunos. Tanto é que um dos relatos fala de uma caixa de dúvidas onde as crianças colocavam suas perguntas e, assim, preservavam sua privacidade.

Cláudia Ribeiro - É preciso não expor a criança e, para isso, a educadora nem deve se tomar como exemplo e nem transformar a sala de aula em consultório. É por isso que usamos muito as música, as histórias, a poesia, a representação por desenhos, porque é assim, nesse misto de realidade e fantasia, que ela constrói o seu conhecimento. O professor deve compreender essa construção cultural da sexualidade, que as coisas não foram sempre como são hoje. Deve entender o desenvolvimento infantil para saber as possibilidades que as crianças têm de compreensão do que está sendo veiculado pelos adultos e também conhecer metodologias de trabalho com a educação sexual. Esse é um grande desafio para nós. Por isso, seria muito importante “problematizar” essas questões todas nos cursos de formação dos educadores.

Existem políticas de capacitação de professores de educação sexual no Brasil?

Cláudia Ribeiro - São raros os cursos de pedagogia que têm esses temas sendo debatidos. Existem atualmente alguns cursos de especialização em sexualidade humana no Brasil. O nosso grupo de estudos da Unicamp oferece um deles, junto com a faculdade de medicina. Acho um avanço o educador estar inserindo esse tema no seu dia-a-dia, por causa dos Parâmetros Curriculares Nacionais do MEC, mas não existe política de capacitação para que os professores entendam melhor que sexualidade é diferente de sexo, transa ou apenas coito. Existe uma infinidade de temas que as crianças e adolescentes poderiam estar abordando.

Isto me chamou a atenção em seu livro: o tratamento da educação sexual por meio de temas como casamento e família. Nas escolas não é comum fazer uma ligação entre esses temas e a educação sexual. Por quê?

Cláudia Ribeiro - Isso porque o senso comum estabelece a ligação apenas entre sexo e genitalidade. Mas sexualidade é muito mais abrangente do que a relação sexual e a reprodução. Diz respeito à maneira de ser das pessoas, seus sentimentos, seus relacionamentos. E falar dessas histórias de vida faz com que as pessoas busquem e construam sua singularidade. Tem o depoimento de uma menininha que descobriu que outra também não morava com o pai. Isso a fez se sentir bem, pois não era só ela que não tinha uma família padrão, nuclear: papai, mamãe e filhinho. Então, discutir essas coisas, com a mediação da professora, é fundamental para a sexualidade humana. No relato, por exemplo, da professora que fala da caixinha de dúvidas, ela estava trabalhando com ciências, disciplina em que geralmente esse assunto é proposto. Mas ele é deixado mais para o fim do ano e se espera que não dê tempo para não ter de abordá-lo.

Abordar exclusivamente o corpo humano parece ser a forma de mostrar que se reconhece a importância do tema, ao mesmo tempo que se foge do debate.

Cláudia Ribeiro - Sim, porque na maioria das vezes em que ele é trabalhado na escola fala-se só sobre o organismo, como se esse sistema sexual fosse só um aparelho reprodutor. Olha que nome horrível! E aí as pessoas dão aula, ensinam o que é pênis, o que é vagina, mas dos relacionamentos, do ficar, do namoro, da menstruação, disso não se fala. Eu não tenho de dar aula, mas sim desencadear um ambiente propício para a fala da criança, porque aí ela confronta hipóteses, os tipos de educação de seu grupinho, o que elas trazem de conhecimento sobre o assunto. Há turmas que acham que a gente está falando bobagem, falando coisa feia. Mas quando você começa a possibilitar esse ambiente descontraído, e nisso as músicas e histórias ajudam, pelo aspecto lúdico, prazeroso, você começa a fazer com que as crianças falem. Tudo pode ser tratado com uma discussão sobre músicas e textos de nossa literatura que permitam uma abordagem mais ampla, falando de sentimentos e não só de organismo.

Voltando ao ambiente favorável, necessário ao diálogo e em que se evita a exposição excessiva das crianças, como se dá a construção desse ambiente? Uma das questões é se o assunto deve ser tratado como tema transversal ou como disciplina isolada. Pelos relatos de seu livro, os professores têm preferido a segunda opção.

Cláudia Ribeiro - Veja, por exemplo, o relato que fala da música do Toquinho, De Umbigo a Umbiguinho, de uma professora da educação infantil. Ela trabalhou todo o desenvolvimento infantil - aspectos cognitivo, afetivo, físico - baseando-se numa pergunta que surgiu em sala: como nascem os bebês? Há propostas de trabalho específicos e grande parte dos trabalhos tem trazido esse tema transversalmente. Em outro relato, uma professora de 2.ª série de uma escola pública de São Paulo conta que trabalhou auto-estima, amizade, família, temas fundamentais para a sexualidade humana, quando ela estava trabalhando todos os assuntos que perpassam a educação sexual com textos e filmes que falavam de pais, mães, irmãos.

Nessa metodologia em que se utilizam músicas, filmes, textos e, principalmente, as dramatizações, trabalha-se a transformação de pessoas reais em personagens. Quais são as vantagens dessa metodologia e como ela ajuda no tratamento do tema?

Cláudia Ribeiro - Ajuda porque a criança está simbolizando, está trabalhando com representação, que é muito presente na vidinha dela: as histórias, os contos de fada, a fantasia e a imaginação. Quando criamos dois personagens, um menino e uma menina, e passamos a falar sobre eles, isso está ajudando a criança a elaborar sua vidinha pessoal sem exposição. Há o filme do Dumbo, que nós citamos no livro, em que cada animalzinho de um jardim zoológico é trazido pelo bico da cegonha. A gente passa o filme e pergunta se elas acham que isso é possível. Só com essa pergunta você desencadeia toda uma discussão. Umas acham que sim, outras não têm informação nenhuma. E a partir daí a gente levanta as hipóteses que as crianças têm sobre o tema, a gente vai discutindo realidade e fantasia.


Vamos voltar à questão sobre a criança elaborar sua própria vida com base em representações. E quando a criança se traveste de dançarina de pagode, reproduz as coreografias desses grupos e canta as suas músicas? Essa erotização a preocupa ou isso faz parte da construção da sexualidade?

Cláudia Ribeiro - O que me preocupa é nós deixarmos que as crianças tenham contato só com esse tipo de estímulo. Você vê no livro quanta música bonita tem naquele disco do Toquinho que fala dos direitos da criança. E na maioria das vezes esse tipo de música não é tocado. As crianças não têm acesso a elas pela mídia. E o próprio Toquinho diz que, quando compôs essas músicas com o Elifas Andreato, não pensou em subestimar a inteligência das crianças. Ele usou palavras difíceis, mas o adulto deve estar junto com as crianças para elas entenderem o texto, enquanto a melodia e a harmonia trabalham com a sensibilidade infantil. O que me preocupa é estarem reduzindo um universo que é amplo, interessante, sensível, leve e profundo a esse tipo de música somente. E também não é discutido por que o corpo é usado na mídia, por que há tanta valorização agora das formas masculinas e femininas. São essas questões que devem ser problematizadas.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

CINE-REFLEXOES

Disponibilizamos aqui uma listagem de filmes disparadores para pensar questões relativas a corpo, gênero, sexualidades, infâncias, e, sobretudo, no ser/estar criança que não é algo fixo ou dado, mas algo socialmente construído e elaborado.




XXY (2007) - Uma criança nasce com os órgãos genitais de ambos os sexos, sendo escondida pelos pais para evitar que os médicos a operem. Porém quando ela chega à adolescência se interessa por um garoto que a visita. Com Ricardo Darín.








Nunca Fui Santa (2000) - Os pais de uma líder de torcida americana desconfiam de um possível desvio sexual de sua filha e a enviam para uma clínica de homo-reabilitação, dirigida por um ex-gay que promete "curá-la" usando um inovador processo.








Transamérica (2005) - Uma transexual prestes a se tornar uma mulher descobre que um jovem preso em Nova York provavelmente é seu filho. Ela vai soltá-lo e, sem contar a verdade, o convence a ir com ela para Los Angeles. Recebeu 2 indicações ao Oscar.








Tudo sobre minha mãe (1999) - Esteban (Eloy Azorín) é um precoce escritor de dezessete anos que, em seu aniversário, pede como presente para sua mãe, Manuela (Cecilia Roth), que ela vá a uma apresentação da peça "Um Bonde Chamado Desejo". Após o término, Esteban espera ansiosamente pela saída da estrela Huma Rojo (Marisa Paredes) dos camarins, afim de pegar um autógrafo com ela. Em meio ao temporal, Esteban é atropelado, falecendo logo a seguir no hospital. Sozinha, sua mãe decide voltar para Barcelona, cidade de onde fugira há alguns anos atrás, para encontrar o pai do menino, que vive como travesti, e dar-lhe a difícil notícia.

 


Minha mãe gosta de Mulheres (2002) - Três irmãs decidem unir forças para sabotar o relacionamento de sua mãe com uma mulher. Com Leonor Watling






 
Cosa Bella (2006) - Curta metragem. História de Delphine e Belle. Paixão e amor que levam as duas a uma decisão deste relacionamento.







 


O segredo de Brokeback Mountain (2005) - Dois jovens se conhecem no trabalho em uma montanha isolada, iniciando no local um relacionamento amoroso.








Beije a Noiva (2007) - Matt e Ryan se conheceram e foram namorados nos tempos da faculdade e tornam a se ver por um triste acaso: o convite do casamento de Ryan e Alex. Matt não acredita que a sua paixão vai ser casar e ainda com uma "mulher". Ele volta a sua cidade natal com intuito de interromper o casamento do seu apaixonado, e acabam os três se envolvendo. Alex é simpática, alegre e adora o "amigo" de seu noivo, que por seu lado tenta impedir qualquer avanço do ex-namorado. Enquanto a data do casamento se aproxima, verdades e segredos são revelados. A chama do passado perturba os dois ex-namorados e cada um vai ter que determinar o destino de sua vida emocional.



 
Como diz a Bíblia (2007) - Pode o amor entre duas pessoas ser uma abominação? O abismo separando homossexuais e cristãos é de fato tão grande quanto aparenta? Como a Bíblia pode ser usada para justificar ódio? Estas são as questões no coração de Daniel Karslake em "Como Diz a Bíblia". Este provocador e divertido filme concilia homossexualidade com interpretações e traduções literais da Bíblia. Através das experiências de cinco famílias tradicionais americanas, descobrimos como as pessoas conseguem, ou não, lidar com um filho gay. Ouvimos vozes respeitadas, ligadas a diversas religiões. Segundo notas da produção, o filme oferece cura, clareza e compreensão a quem quer que seja capturado na mira das escrituras religiosas, independente de sua orientação sexual.


 
Tempestade de Verão (2004) - Tobi e Achim são grandes amigos há anos. Juntos, eles ajudaram a sua equipa a vencer diversos campeonatos de remo, e agora aproxima-se a grande regata no litoral do país. À medida que o relacionamento de Achim e a sua namorada Sandra se torna mais sério, Tobi dá-se conta de que os seus sentimentos pelo amigo são mais profundos do que poderia admitir. Confuso e inseguro, Tobi sente-se cada vez mais deslocado...





Driblando o Destino (2002) - Jesminder Bhamra é uma garota de família indiana que tem o sonho de seguir o caminho de seu ídolo David Beckham e se tornar uma jogadora profissional de futebol. Entretanto ela enfrenta problemas em sua família, que deseja que ela siga os costumes indianos tradicionais, e não aceitam que ela siga seu sonho, e ficam em dúvida sobre sua "orientação sexual". O confronto entre as partes chega ao ápice quando Jesminder é obrigada a escolher entre a tradição de seu povo e seu grande sonho. A garota, então, acaba tendo que fazer a decisão que poderá mudar a sua vida.



 
Desejo Proibido - Em três épocas distintas, confira as histórias de mulheres que lidaram de alguma forma num relacionamento a duas.
1961: Quando Abby morre, Edith sua parceira, precisa silenciosamente encarar sua perda amorosa e a negação de sua posição como 'família' pelo hospital e pelos herdeiros de Abby.
1972: Linda, uma feminista, é expulsa do campus com seu grupo de amigas lésbicas. Para esquecer seus problemas, as amigas vão para o único bar de lésbicas da cidade, onde Linda encontra Amy por quem se apaixona e começa a aprender com seus próprios preconceitos.
2000: Fran e Kal querem ter um bebê e rumam para o banco de esperma. Mas, como fazer isso? Pedir pela Internet? Qual o doador? Qual raça? Qual sexo? E se o banco de esperma não tiver um doador especial que seja perfeito? E acima de tudo, é certo trazer ao mundo um bebê que com toda certeza sofrerá com o preconceito?


A Garota dos meus Sonhos - Gray e Sam são irmãos tão compatíveis e inseparáveis que as pessoas pensam que eles são um casal. Mortificados, os dois concordam que precisam sair e procurar por um amor. Ele procurará um rapaz para ela e ela uma garota para ele. Mas quando Sam encontra sua companheira perfeita em Charlie, a vida de Gray torna-se confusa.






TOMBOY - Laure (Zoé Héran) é uma garota de dez anos que sofre dificuldades no relacionamento com seus pais. Quando a família se muda para uma nova vizinhança nos subúrbios de Paris, ela subitamente decide se vestir como um garoto e faz amizades com os meninos da região. O que antes era apenas um pretexto para conseguir amigos, acaba se transformando em algo mais sério.

MINHA VIDA EM COR DE ROSA - Menino bastante retraído decide se vestir apenas como menina, causando um grande furor na pequena cidade onde mora. Sua família deve então viver com a possibilidade de que ele seja gay e deve superar todos os transtornos que a situação gera.


MINHAS DUAS MAES E MEU PAI - As lésbicas Nic (Anette Benning) e Jules (Julianne Moore) têm um casamento estável, mas a relação é virada de cabeça para baixo quando seus filhos, Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson), resolvem trazer Paul (Mark Ruffalo), o pai, doador de esperma, de volta para suas vidas. As coisas, evidentemente, ficam cada vez mais complicada quando Jules se envolve-se com Paul.





Do Começo ao Fim é uma história de amor. A história de Francisco e Thomás e de sua família: Julieta, Alexandre e Pedro. Com uma narrativa particular o filme pretende contar a história de um amor incondicional como uma possibilidade, como um contraponto para um mundo cheio de violência, medo e intolerancia.

1986, Thomás, filho de Julieta e Alexandre, nasce com os olhos fechados e assim permanece durante várias semanas. Julieta não se preocupa e diz que quando o filho estiver pronto, que quando ela quiser, ele abrirá os olhos. Foi assim, nos primeiros dias de vida de Thomás aprendeu que era livre arbítrio. Um dia, sem mais nem menos, Thomás abre os olhos e olha direto para Francisco, seu irmão de 6 anos. 1992 Julieta é uma linda mulher e uma mãe amorosa. É médica de um hospital e trabalha no setor de emergência. É casada pela segunda vez com Alexandre, pai de Thomás. Pedro, seu primeiro marido e pai de Francisco mora na Argentina. Julieta e ele continuam bons amigos.

Durante a infância, os irmãos são muito próximos, talvez próximos demais, segundo Pedro, que passa uma temporada com eles em Buenos Aires. Anos mais tarde, quando Francisco tem 27 anos e Thomás 21, Julieta morre repentinamente em um acidente de carro. Francisco e Thomás se tornaram amantes e vivem uma extraordinária história de amor.

 
ABC DO AMOR - Gabe Burton (Josh Hutscherson) é um garoto de 10 anos, que cursa a 5ª série e mora com seus pais, Adam (Bradley Whitford) e Leslie (Cynthia Nixon), em Manhattan. Os pais de Gabe estão separados há um ano e meio, mas ainda moram juntos. Gabe é feliz se divertindo com seus amigos, seja jogando basquete na escola ou andando com sua pequena moto pela vizinhança, sem se interessar em momento algum por garotas. Porém a situação muda quando ele começa a ter aulas de caratê, onde passa a praticar com Rosemary Telesco (Charlie Ray), uma amiga de infância. Gabe se apaixona por Rosemary, mas não consegue entender os novos sentimentos que agora possui. Em meio às confusões que sente, ele descobre que Rosemary está prestes a partir para um acampamento de verão e que pode ser transferida para outra escola. É quando Gabe decide deixar a indecisão de lado e lutar para ficar próximo do seu primeiro amor. 




 
 

Mulheres transexuais poderão realizar cirurgia de retirada do útero pelo SUS

Mulheres transexuais poderão realizar cirurgia de retirada do útero pelo SUS

A partir do final de janeiro, os transexuais masculinos (mulheres que se sentem homem) de São Paulo poderão realizar gratuitamente a cirurgia para remoção de útero.
Em 2008, uma portaria do Ministério da Saúde já havia regulamentado  a cirurgia de mudança de sexo em hospitais públicos pelo Sistema Único de Saúde.
A partir do final de janeiro, os pacientes triados no Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids serão encaminhados para o hospital estadual Pérola Byington para avaliação e realização da cirurgia.
Já há cinco transexuais a serem encaminhados ao Pérola para avaliação de histerectomia. O hospital tem capacidade para realizar até 100 cirurgias de retirada de útero. Os transexuais terão atendimento personalizado, com quartos individuais e equipe treinada para lidar com as demandas específicas desta população. 
A Secretaria também deverá encaminhar os homens transexuais para cirurgia de retirada de mama. O hospital de referência, na capital, será definido nos próximos meses. “Trata-se, sem dúvida, de uma grande vitória contra a discriminação e a legitimação dos direitos desta população”, diz Maria Clara Gianna, coordenadora do Programa Estadual DST/Aids-SP.
Em setembro de 2010, o Conselho Federal de Medicina nova resolução sobre a assistência a transexuais no Brasil. A partir daquela data, o Conselho passou a considerar que os procedimentos de retiradas de mamas, ovários e útero no caso de homens transexuais não são experimentais e podem ser feitos em qualquer hospital publico ou privado que sigam as recomendações do Conselho Federal de Medicina.
O tratamento de neofaloplastia (construção do pênis) ainda não foi liberado e permanece em caráter experimental.

Lo@ herman@s saem na frente!

Lei argentina pode facilitar mudança de sexo

Parlamento avança projeto para liberar troca de gênero. País foi o primeiro da América Latina a legalizar o casamento gay
Um projeto de lei para permitir a mudança de sexo sem autorização judicial prévia recebeu o aval de duas comissões do Parlamento argentino, um passo considerado histórico pelo movimento gay no país.
A iniciativa de “identidade de gênero” prevê a adequação do documento nacional de identidade, com ou sem intervenção cirúrgica, a pedido exclusivo do interessado. Atualmente, a mudança no documento só pode ser realizada com uma autorização da Justiça.
Segundo a iniciativa, para aceder à “retificação de gênero” em seu documento de identidade, o interessado só terá de fazer uma declaração juramentada na qual manifeste ser de um sexo diferente do biológico, com ou sem uma intervenção cirúrgica prévia.
“É um passo histórico”, afirmou em comunicado a CHA (Comunidade Homossexual Argentina), após o plenário das comissões parlamentares de Legislação Geral e de Justiça confirmarem a sentença favorável à iniciativa. O projeto segue agora para debate na Câmara dos Deputados.
Em julho de 2010, a Argentina se tornou no primeiro país da América Latina a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Lea T. faz operação de mudança de sexo


Lea T. faz operação de mudança de sexo

Modelo transexual realizou o procedimento cirúrgico há três semanas
Lea T. faz sucesso como modelo no Brasil e pelo mundo / Foto: André Muzell /AgNews

A modelo transexual Lea T. já pode se considerar uma mulher. Segundo a coluna "Olá", do jornal "Agora" deste sábado, dia 24, a filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo - nascida Leandro Cerezo - realizou sua tão sonhada operação de mudança de sexo há três semanas na Tailândia.


Ainda de acordo com o jornal, a agência de Lea em Milão e no Brasil disseram desconhecer a cirurgia que a transformou em mulher.

Fica a pergunta: por que que ela não poderia ser considerada uma "mulher" antes da cirurgia?

Lei Maria da Penha é aplicada a transexual

Lei Maria da Penha é aplicada a transexual

A lei prevê direitos sem diferenciações e desigualdades

A juíza da 1ª Vara Criminal de Anápolis (50 km de Goiânia), Ana Cláudia Veloso Magalhães, aplicou a Lei Maria da Penha no caso de um transexual que sofreu agressões do ex-companheiro. Na decisão, a juíza considerou o princípio da isonomia, que garante tratamento idêntico a todos.
O acusado das agressões, Carlos Eduardo Leão, está proibido de frequentar a casa da vítima, e deve se manter no mínimo um quilômetro afastado dela e de seus familiares.
Na sentença, a juíza alegou que a Lei Maria da Penha prevê direitos sem diferenciações e desigualdades. “Homens e mulheres são iguais”, afirma.

Transexual paulistana é a mais velha a fazer cirurgia de "troca de sexo"

Transexual paulistana é a mais velha a fazer cirurgia de "troca de sexo"

A cabeleireira aposentada Andréia Ferraresi, 68, de São Paulo, é a transexual mais velha do país a fazer uma cirurgia para troca de sexo. Registrada ao nascer como Orlando, ela esperava pela operação desde 1979, quando recebeu o diagnóstico de transexualidade. Sem dinheiro para pagar pelo procedimento, teve que aguardar até que a cirurgia fosse feita no SUS. Foi operada no dia 27 de fevereiro, no HC. Leia o depoimento concedido por ela à Folha.


Marisa Cauduro/Folhapress
Andréia Ferraresi, 68, no ambulatório para saúde de travestis e transexuais, em São Paulo
Andréia Ferraresi, 68, no ambulatório para saúde de travestis e transexuais, em São Paulo
"Sofri muito na vida por um conflito de identidade e esperei por essa cirurgia desde 1979, quando procurei o HC e recebi o diagnóstico de transexualidade.
Na época, o SUS não fazia a cirurgia. Quem fazia eram os médicos particulares. Fui a dois e me cobraram um preço exorbitante. Minha mãe disse que não tinha dinheiro e eu entendi. Ela já sofria, se sentia culpada por mim.
Sou a caçula de 11 irmãos e todos eram "normais". Os irmãos que nasceram pouco antes de mim eram homens e minha mãe queria que a última fosse menina. E nasceu uma menina, mas com os órgãos que os outros tinham.
O sofrimento sobrou para mim, com "bullying" na escola e aquele conflito de você sentir uma coisa e não ser o que você sente.
Na infância, só brincava com as meninas. Um dia, no colégio, ganhei uma boneca na rifa e os meninos falaram: "Mariquinha, mariquinha!". Eles pensavam que estavam me ofendendo, mas quanto mais falavam mais orgulho eu sentia da boneca.
Com 14 anos, peguei o vestido da minha irmã. O povo dizia que tinha caído certinho em mim. Minhas vizinhas me deram saias e comecei a usar roupa de mulher.
Quem aceitou mais foi minha mãe. Ela sempre quis me proteger. Mas meu pai e um irmão me perseguiram até eu fazer os exames que provaram que eu era transexual.
Quando saiu o diagnóstico me pediram até perdão. É muito ruim você se sentir reprimida pela própria família.
Ainda teve o regime militar. Os transexuais sofreram demais com perseguições policiais. Cheguei a ficar um mês na prisão, mas o juiz me soltou. Viram que eu não tinha perigo nenhum, nunca fui criatura de beber, de vida fácil. Sempre tive meu trabalho de cabeleireira.
O tempo foi passando até que encontrei o CRT [Ambulatório para Saúde Integral de Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids], em 2009. Quando cheguei, estava numa depressão fora do comum, um trapo.
Comecei o tratamento com o psiquiatra, tomei remédios por um ano e fui encaminhada para a operação. Sou a primeira do ambulatório a fazer a cirurgia e vou abrir a porta para muitas que precisam.
 
IDADE
O povo dizia: "Mas não é um pouco tarde para você fazer a cirurgia?". E eu respondia: "Não, eu ainda preciso viver, não vivi minha vida! Estou começando só agora".
Eu tenho idade de vovó, mas me sinto forte e feliz. A velhice está na cabeça das pessoas. Os homens, quando passam por mim na rua, falam: "Quanta saúde!".
Se eu puder pegar um forrozinho, eu vou, faço dança do ventre. Um médico me disse: "Do jeito que está indo, a senhora vai viver uns 95". E eu disse: "Quero viver ainda mais, doutor!".
A cirurgia mudou tudo. Esqueci aquele passado de sofrimento. O que interessa agora é daqui pra frente.
Fiquei muito satisfeita com o resultado. Não tem uma cicatriz. Parece que eu nasci assim. Estou até me sentindo mais bonita.
Já uso o nome Andréia Ferraresi porque um juiz me deu autorização, mas agora está correndo o processo de mudança de sexo também no registro. Quero que aconteça rápido porque preciso casar, preciso de um amor.
Estou solteira, mas a minha felicidade é tanta que namorar é coisa secundária. Quero um amorzinho, mas com o pé no chão. Ficar na vida promíscua eu não quero, porque hoje em dia a doença venérea está demais.
Eu transava bastante quando era mais nova e não tinha Aids. Era um tempo bom. Pena que não vivi integralmente com essa periquita (risos).
Hoje me valorizo mais. A vida não se resume em sexo. Não é porque fiz a cirurgia que vou ficar no oba-oba. Eu fiz para mim, para a minha identidade, para me olhar no espelho e ver que sou mulher, não ver aquela coisa estranha que não estava combinando.
A cabeça da gente muda quando sai da mesa de operação. Ela elimina o que você tem de transtorno na sua cabeça. Fui solta de uma gaiola que me aprisionou por todos esses anos.
Hoje, a passarinha está voando, solta, feliz da vida. Os problemas parecem não ter o tamanho que tinham. Antes pensava que se não consegui um emprego era por causa de preconceito.
Hoje dou uma banana pro preconceito. Só importa que estou feliz da vida, mostrando que idade não tem nada a ver." 
Agradecimento a Andressa Proença pela matéria.